terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sou(L)


Nada mais belo que a alma: contradição sólida do que sou. Amo admirar os silêncios por ela produzidos: tão desconcertantes.
Assim como os olhos, que dizem tudo sem sequer serem bocas, a alma comunica por sentimentos. E eu sou toda eles. Me pergunto até quando a cegueira para os afetos existirá. Até onde iremos sem transbordar o que somos. Eu não quero coisas: quero sentimento. Amor. Tristeza. Entusiasmo. Dúvida. Espontaneidade. Todos: desaguem sobre mim, eu suplico! Penetrem em minha tão pobre alma de gente! Peço que façam-me constante na arte de surpreender. E digo de antemão: espera para viver não quero mais ter, pois minh'alma foi feita sem previsibilidade. Nasci como quem morre: sem entender a ordem. Logo, não sei respirar separada do que sinto. Inspiro silêncio, expiro palavras.
Venham, sentimentos! E encontrem-me em meu mais novo (porém, eterno) estado: acreditada.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

(In)descritível

Estou pensando. Estou sentindo. Estou vivendo. De tão diferente chego a ser a mesma. 
Descobrir-se é por sinal avistar-se. Cada cantinho um novo suspense e, um novo susto. Pode até ser que agora não saberei mais esconder-me, e isso me faz flutuar. É onde sempre pensei estar. É a solidez do que projetei: Meu vôo. Meu instante infinito. 
E vi que não existe vergonha pra quem decide ser. Não conhece miséria aquele que busca enriquecer a alma. 
E estou amando: o vento, que sempre invisível destrói as uniformidades e
bagunça os amantes da ordem. 
Sigo querendo o sol, que acaricia mas não prende,
mostrando-me que a vida é pedaço de paz envolto em tempestades. Desastrosa e refrescantemente leva-nos ao inesperado de nós mesmos.
E todo coração é segredo que dói. Toda lágrima, riso que ainda vive.
E vejo, um pouco de cada coisa, trago em mim o mundo da liberdade.
Vou, assim, colorindo minhas palavras de silêncios declarados e gestos inquietos. 
Paro a chuva com uma só vírgula e recrio esperança após o ponto final.
Ponho-me a escrever todas as sílabas que, de repente, fazem-me voar. 
Sigo atrás de aventuras não apenas por si mesmas, mas por aquilo que requerem de mim: tudo.
Estou descobrindo os mistérios que aguçam meus sentidos na solitude da alma...
Sinto-me chegando como quem nunca soube o que é partir, porém, fascinada com as eternas despedidas de mim...

domingo, 7 de agosto de 2011

Preciso de um milagre

Preciso de um milagre que não apenas cure minha doença, mas minha incredulidade.
Um milagre que sacie minha alma, e não somente o meu corpo.
Preciso de um milagre que torne meus olhos sensíveis àqueles que desesperam por atenção.
Um milagre que desatrofie minha mãos do egoísmo, e meus pés do comodismo.
Preciso da divindade, a compreensão da verdade de quem eu sou.
Necessito de um milagre que renove o brilho da amizade, que exploda em barulhos de lealdade.
Um milagre que faça-me resiliente às diversidades do dia,
e que não me conceda apenas novas circunstâncias, mas um novo ser...

terça-feira, 15 de março de 2011

Chuva que vem

Às vezes eu quero só correr, correr, correr, correr e correr.
Pra beeem longe. Ou pra beeem perto. Pra me conhecer, pra me despreender, pra florescer.
Mas, de repente, vejo que não preciso me mover, pois sobre o jardim a chuva desce, sem flor nenhuma implorar.
A chuva vem e rega a terra. Muda as paisagens, inunda os vales, 
amolece o solo.
A chuva vem,
sem antes pedirmos por ela, ou mesmo
quando estamos aproveitando o sol.
Vem a chuva,
pra mostrar-nos que estamos aquém
de um céu que sabe a hora de descer e dar-se a conhecer.
O meu coração precisa de chuva, não precisa mais correr.
A minha alma precisa arraigar-se ao solo, que, embora encharcado é completamente vivo.
Chuva,
Chuva,
Chove vida.
Momentos são chuva sólida. São gotas que cristalizam no instante.
E eu amo os instantes. 
Sorriso é chuva que cumpre o seu propósito: faz brotar.
Olhares são chuvas finas e densas, mas, sobretudo, transparentes..
Vida,
Vida,
Chuva chove.
E eu aqui,
tentando pensar que chuva é a Vida.
Pensei.
É chuva que cai.
Que não se pode controlar.
É chuva que faz molhar e nem sempre abre o caminho pra andar.
É chuva forte,
mas tão mansa.
Vida,
chuva que pinga por dentro,
molha os intentos,
e faz crescer os pequenos.
E, eu amo a chuva,
pois sempre que chuvisca
eu posso correr
correr
correr
e
correr..
pra qualquer lugar dentro de mim.