sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A vida sempre é. Nunca era, ou será.


O que acontece quando me sinto perdida e falha? Para onde devo me mover se os meus conflitos me enraizam ao chão? Estou quieta e lúcida, em nenhum momento esquecida. Aflita e segura, certamente errada. Não há como em mim confiar. Tenho inúmeras amostras do que é não amar e estou longe de querer viver desta maneira, à maneira dos outros, daqueles que também não querem viver da minha forma. 


Quero crescer, e viver da forma que o meu criador quis ao me entretecer. Quero agradá-lo momento após momento até que a eternidade se apresente a mim. Quando olhamos uma paisagem pela janela de vidro, esquecemos muitas vezes de olhar nosso próprio reflexo que é a primeira paisagem que nos é concedida. Queremos imediatamente olhar o que é alheio a nós, o que não somos, não temos e não construímos. Esquecemos de olhar os nossos olhos, sendo que os mesmos jamais esquecem dos sonhos que guardam, e que, se olhados, os derramariam sem sequer pedirem permissão. 


Assim, preferimos contemplar um Deus que é distante, friamente existente e inpenetrável. Preferimos uma relação de negócios e não de íntima comunhão. Não queremos olhar em Seus olhos, pois eles sim estão cheios de sonhos que querem inundar nossa existência. Esquecemos que ele está vivo. Desprezamos a vida que carregamos dentro de nós. Muitas vezes a morte nos atrai. Gostamos daquilo que não se meche, não dá mais trabalho e não precisa de investimento; de tempo, de amor, de cuidado. 


Contudo, a vida é movimento, mistura, temperatura, sentimento, despreendimento, corridas ao vento.
É dádiva sem merecimento, é um abraço cheio de acolhimento. 
Defini-se por si mesma, constrói fortalezas, concede-nos destreza.


A vida sempre é. Nunca era, ou será.


Ela é uma constante que, como um viajante, precisa subir morros, descer montanhas, molhar-se na chuva, apreciar o sol, secar-se ao vento, alimentar-se no caminho. 
Não se limita a nossa morte, é apreciada em pequenas estrofes.
É um quadro sem moldura, espalha-se a cada nova gravura. 
Impossível descrevê-la nas palavras mais expressivas, 
pois a vida possui o padrão de quem a fez,
É eterna.

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